segunda-feira, 20 de julho de 2009

Tabocas do Brejo Velho


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Você conhece Várzea Comprida? Talvez Portobelo? Santa Helena, também chamada de Maricota? Bom, eu também não conhecia, até sexta-feira da semana retrasada. São comunidades presentes na zona rural de Tabocas do Brejo Velho, município aqui da região Oeste da Bahia.

Fomos lá a convite do Sr. Custódio, morador de Várzea Comprida e representante da Sociedade Civil no Comitê de Bacia do Rio Grande; uma das nascentes deste afluente do São Francisco brota ali, em Santa Helena.

Conta-se que, uns dez anos atrás, o prefeito instalou uma bomba d'água próximo à nascente do Rio Grande. Esta bomba quebrou, alguns anos depois, já com outro prefeito no cargo, inimigo do anterior. Pois bem, durante este tempo todo, com outros eleições e outro prefeito, ninguém foi arrumar a tal bomba.

Além disso, os moradores também afirmam que o fluxo desta nascente vem diminuindo ano após ano, em especial depois que a área acima da nascente foi desmatada para agricultura.
Um registro interessante: vimos várias cisternas (de lona), novinhas, nas casas de Santa Helena. A nascente ali, sem uso por conta da bomba d'água quebrada, sua água sendo usada para lavar roupa e o povo esperando chover para ter água para beber. Insano...

Outro ponto digno de nota é a utilização de cisternas de lona. A população local se torna dependente de manutenção e materiais de fora. Pelo que conversei com os moradores, a capacitação se resumiu a explicar a necessidade de descarte da primeira água.

Eu acredito muito mais num modelo que capacita a população a construir suas próprias cisternas (de placa, calçadão, etc.) e a cuidar ela própria de sua manutenção. Além disso, quando o povo é ensinado a fazer sua própria cisterna, é possível que eles mesmos ensinem a outras famílias que não foram beneficiadas por nenhum programa a construírem suas próprias, até mesmo em mutirão. Finalmente, se a população é responsável pela construção e reaplicação do modelo, abre-se a possibilidade de que se desenvolvam novas técnicas de construção, utilizando materiais e conhecimento locais.

Talvez a Universidade possa ajudar estas comunidades de algumas formas. É claro que o ideal seria resolver a questão da bomba próxima à nascente, mas mesmo ali os pesquisadores poderiam avaliar qual o nível seguro de retirada de água, sem que se comprometa o fluxo do rio e a quantidade de água subterrânea, levando em consideração o regime de chuvas. Além disso, um projeto de reflorestamento da beira da chapada pode aumentar o fluxo da nascente, uma vez que parte de sua recarga deve vir da água absorvida pelo solo acima.

Mesmo no que diz respeito às cisternas, temos condições de ajudar. Poderíamos levar químicos e biólogos para as comunidades, e tentar criar testes simples, utilizando matéria-prima local, para avaliar a qualidade da água das cisternas. Isto possibilitaria o controle da própria população sobre a qualidade de sua água. Técnicas de purificação certamente demandariam mais trabalho, mas só a possibilidade de testar sua água já seria um avanço.

Precisamos de voluntários...

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