domingo, 28 de junho de 2009

Lições de Gil

Em matéria no ótimo blog Trezentos, [o também ótimo] Sérgio Amadeu mostra uma foto do presidente Lula junto com Peter Sunde, um dos fundadores do site de compartilhamento de arquivos PirateBay, e recém-condenado pela justiça sueca por pirataria. Citando Lula, por meio de Amadeu neste post, ao defender a liberdade na rede e a importância da colaboração: “a internet deve continuar livre”… “No meu governo é proibido proibir.”…”A liberdade é fonte da criatividade”.

Eu posso estar redondamente enganado, mas acho que o presidente Lula aprendeu um bom tanto sobre liberdade de informação com o ex-Ministro Gilberto Gil e também com o próprio Sérgio Amadeu. Explico....

Ao assumir a pasta da Cultura, Gil era considerado uma piada nos "círculos internos" do governo. Ele era o primeiro colocado na aposta "qual-Ministro-cai-primeiro" (ao fim e ao cabo, o primeiro a cair foi o ministro de Ciência e Tecnologia, "Bob Bomba"). Rapidamente mostrou que tinha conteúdo e vontade política para fazer muito (em algumas áreas, outras talvez sejam criticáveis mesmo). Logo nos primeiros meses do primeiro mandato do presidente Lula, Gil foi até a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia) com o cantor Lobão, trazendo uma proposta (no mínimo) interessante. A idéia era criar quiosques nos quais você poderia escolher, entre um catálogo de músicas de artistas nacionais, aquelas que você quisesse, e a máquina gravaria um CD com essas músicas. Pense numa jukebox que grava um CD com as músicas que você escolheu.

Com esse sistema, você poderia "pular" a presença da gravadora (que fica com a maior parte do dinheiro que você paga num CD) e colocar o artista em contato direto com o público. A máquina seria equipada com um contador, que diria exatamente quantas vezes a música X do cantor Y seria gravada, o que daria o cálculo exato dos Direitos Autorais relativos a cada música. Ao cobrar apenas o valor da mídia (CD virgem, baratíssimo) e o direito autoral de compositores e músicos, o preço cairia para um valor próximo ao de um CD pirata!

Pense bem: entre comprar um CD pirata, com as músicas que já estão lá, e um CD com as músicas que você quer, pelo mesmo preço, o que você escolheria???

É óbvio que este projeto não vingou. Além de muitos interesses em jogo, uma questão mais técnica: a FINEP é uma "financiadora" de projetos, não "executora". A empresa não dispunha dos meios tecnológicos para fazer a coisa acontecer...

Mas o importante foi conhecer a disposição do Ministro da Cultura em quebrar o domínio das gravadoras sobre o comércio de música e (depois ficou claro) de cultura. O "Ministro" Gil não pôde defender a informação livre de maneira mais aguda, mas o "cantor" Gil está regravando suas músicas antigas e as disponibilizando em licenças Creative Commons (a mesma que você vê aqui ao lado).

Próximos posts sobre o assunto (com o marcador geek):
- Mais sobre "o cantor" Gilberto Gil e licenças flexíveis;
- Mais sobre Sérgio Amadeu, o processo internacional contra ele e sua passagem pelo ITI;
- O que significa a licença Creative Commons.

Abraços

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Perfume: The Story of a Murderer


Há algum tempo queria ver o filme Perfume: The Story of a Murderer (2006). Não tive a oportunidade de ler o livro de Patrick Suskind - que foi um grande sucesso alguns anos atrás - mas sempre ouvi falar bem dele; o filme também havia rendido algumas boas críticas. Quando soube que o diretor era Tom Tykwer, fiquei ainda mais empolgado: seu Lola rennt ("Corra, Lola, Corra") é um dos melhores filmes da (coalhada de filmes bons) nova safra de cinema alemão. Algum dia desses vou rever esse filme, e passo uma resenha para vocês, mas hoje vou falar sobre Perfume, que foi exibido no Telecine Cult esta semana.


Jean-Baptiste Grenouille é o homem com o olfato mais apurado em todo o mundo. Ironicamente, nasce em meio a um mercado de peixe em Paris no século XVIII, com odores fétidos o cercando por todos os lados; esta cena inicial é impressionante, talvez apenas superada pelo momento em que ele percebe que os cheiros são efêmeros e por sua "execução" em praça pública (não descrevo em mais detalhes estas cenas para evitar spoilers). O narrador em off (o sempre ótimo John Hurt, imprimindo um clima de "conto-de-fadas" à história) indica que aquele bebê quase-natimorto somente sobrevive por uma escolha da vontade, sendo que os cheiros o estimularam a não se deixar morrer.


Em sua adolescência, Grenouille (agora já interpretado com frieza pelo bom e pouco conhecido Ben Whishaw) vai trabalhar num curtume, um dos lugares mais mal-cheirosos que pode haver. Mas é neste trabalho que tem a oportunidade de conhecer o mestre perfumeiro Baldini (Dustin Hoffman, um pouco caricato demais, em minha opinião) e tem o rumo de sua vida alterado drasticamente.


O que mais me impressionou foi a idéia de uma moralidade baseada no olfato. Acho até que vou escrever um post mais longo sobre o tema, mas só para dar uma palhinha: Grenouille busca compilar todos os odores do mundo, este é seu objetivo inicial. Ele deseja que nunca mais se perca um cheiro. Seu desejo é capturar, manter, preservar a essência das coisas para sempre. Dada esta premissa, todos seus atos que o levem mais próximo a seu objetivo são considerados (ao menos por ele) como bons. Até mesmo matar...


Posteriormente, ele percebe que seu objetivo de vida deve ser criar o perfume mais perfeito do mundo: ele deseja capturar a essência do Belo. Pode haver objetivo mais moral que este? Mesmo que para atingi-lo seja necessário perseguir e matar pessoas inocentes? Vou desenvolver essas idéias um pouco mais em um post mais extenso, em breve.


Encerrando, o final do filme parece ser assunto controverso. Sem cair em (mais) spoilers, acho mesmo que deixou a desejar; o ritmo surrealista que vinha sendo impresso pelo clímax é rompido com um anticlímax talvez desnecessário. Ainda assim, para quem gosta de notas, lá vai uma: 7,5.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Palestra sobre Identidade Nacional Brasileira

Segue um podcast (ainda mal gravado, prometo melhorar :-) ) de uma palestra sobre Identidade Nacional Brasileira. Esta apresentação faz parte de um conjunto de seminários organizados pelos alunos da turma 2009.1 do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, do campus de Barreiras da UFBA.


O ciclo de seminários é uma atividade da disciplina "Estudos da Contemporaneidade", ministrado pelo Prof. Sandro Ferreira. Agradeço aos alunos pela oportunidade e pelo ótimo trabalho em organizar este evento. A palestra teve lugar no auditório do ICADS, às 19hs do dia 08 de junho de 2009.


Para baixar basta clicar AQUI
(Clique direto ou com o botão direito do mouse escolha as opções 'Salvar como' ou 'Salvar Link como')


Para acompanhar a palestra, segue a apresentação em slides:



O próximo podcast será sobre o mesmo tema: uma entrevista minha à Rádio Barreiras. A qualidade de som será melhor, prometo.


UPDATE: Retirei o audio da palestra, pois deixava o carregamento da página muito lento. Em seu lugar há agora um link para carregar a palestra apenas se você desejar.

O Primeiro Vértice do Tesseract

Aproveitando os festejos juninos, tirei algumas horas para preparar algo que já desejava há algum tempo: iniciar as postagens de um blog, exatamente este que você, internauta desavisado, lê agora. Imagino que durante estes primeiros meses eu receba poucos visitantes; mas espero estar funcionando com força total durante o segundo semestre deste ano.


Nunca é possível saber se haverá pessoas interessadas acompanhando os posts, como também não há como saber se eu saberei ter um papo interessante o suficiente para estimulá-los a me acompanhar; porém, o blog funciona, de certa forma, como escape, como local em que posso despejar idéias sobre temas de meu interesse. Como escrito aí acima, na descrição do blog, ninguém agüenta guardar para si uma infinidade de pensamentos, sentimentos, idéias...


E sobre o que vamos teclar? Meus interesses são múltiplos, e espero escrever pelo menos um pouco sobre cada um deles; se você olhar a barra lateral do blog, vai perceber alguns deles. E outros virão, pois espero alterar este layout conforme os assuntos forem surgindo. Pretendo falar sobre filmes, livros, meu trabalho como professor da UFBA e sobre a cidade que tem me acolhido nos últimos tempos: Barreiras, no oeste da Bahia. Mas sempre que outros temas de (meu) interesse surgirem, podem saber que vou teclar sobre eles.


E este nome esquisito, "As Faces do Tesseract"? E que m**** mesmo é um tesseract? Bem, esse vai ser um dos assuntos sobre os quais vou teclar, com calma, nos próximos tempos. Agora só me cabe dizer que este é o primeiro vértice de um objeto que sempre me intrigou pelo potencial de metáfora e apoio ao entendimento da inter-relação entre os saberes. Mas já estou me adiantando, e você, pobre visitante, não deve estar entendendo nada...


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Até mais!
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